O Centro de Instrução
Pára-quedista General Penha Brasil, por intermédio de sua Seção de Ensino II -
Curso de Precursor Pára-quedista - habilita Of, ST e Sgt do EB, da Marinha e da
Força Aérea, bem como militares de Nações Amigas, ao desempenho dos cargos
específicos e funções inerentes ao Precursor Pára-quedista.
O Curso tem como objetivo,
capacitar os alunos, futuros precursores, a aplicar técnicas de treinamento
físico militar, necessárias às atividades do combatente aeroterrestre;
infiltração e exfiltração terrestre, aquática e aérea; operação de ZONAS DE
LANÇAMENTO (ZL), ZONAS DE POUSO DE HELICÓPTEROS (ZPH), ZONAS DE POUSO DE AVIÕES
(ZP) e atuar como GUIA AÉREO AVANÇADO (GAA) nas operações aeroterrestres,
aeromóveis e aerotransportadas; realizar lançamento precursor de bordo, na luz
verde de solo e na vertical de solo em qualquer parte do território nacional;
aplicar técnicas de preparação de fardos, pacotes e mochilas; aplicar os
procedimentos de Mestre-de-Salto, nas atividades de preenchimento do manifesto
de vôo e lançamento, "Briefing", aprestamento e equipagem;aplicar
técnicas de inspeção de pessoal equipado para o salto; aplicar técnicas de
inspeção de aeronaves militares utilizadas para lançamento de tropa; e aplicar
técnicas de lançamento de aeronaves militares em vôo, na vertical da letra
código ou na luz verde, de pessoal equipado e armado, animal e/ou material
leve, visando seu emprego operacional.
Para realizar o curso, o militar
oriundo das Forças Armadas do Brasil, deve ser voluntário e possuir o Curso
Básico Pqdt , realizado no C I Pqdt G P B.
Anualmente, esses voluntários
labutam por 24 semanas, numa diversificada gama de conhecimentos táticos e
técnicos, aliados a uma rígida preparação física, peculiar a atividade a ser
desempenhada.
O curso está dividido em 4
(quatro) fases bem definidas:
1ª Fase - Nivelamento Técnico
Operacional:
Com a duração de 7(sete) semanas,
a 1ª fase tem como objetivo capacitar os alunos a realizarem operações de
infiltração terrestre, aérea e aquática, em proveito da unidade (ou GU)
apoiada, nos diversos ambientes operacionais do território nacional. Nessa fase,
que visa nivelar conhecimentos técnicos operacionais necessários ao combate, a
determinação é fator fundamental de êxito, devido ao rigor das ações as quais
os alunos são submetidos.
A atividade diária começa com o
"cerimonial", onde o aluno sofre as primeiras cobranças da jornada de
instrução, no tocante a apresentação, aprestamento individual e coletivo.
O treinamento físico militar vem
em seguida, com nível de dificuldade crescente em corridas de média e longa
distância e pista de cordas.
A partir daí as atividades se
diversificam pelas disciplinas e unidades didáticas dessa fase, tais como:
• Suporte Básico de Vida - que
visa prestar os primeiros socorros de maneira rápida e eficiente a um
integrante de uma equipe precursora em operações e, até mesmo, a um
pára-quedista acidentado numa zona de lançamento.
• Orientação - com a execução de
diversas pistas diurnas e noturnas e em variados tipos de terreno, sendo alvo
de avaliações práticas.
• Topografia - visando o emprego
correto das cartas topográficas militares.
• Explosivos e Destruições - onde
o aluno tem contato com diversos tipos de explosivos para empregá-los em
missões de abertura de clareiras e de pista de pouso para aviões e
helicópteros.
• Equipamentos Rádio e Antenas -
visando o aprendizado dos diversos tipos de equipamentos rádio de uso por uma
equipe precursora.
• Trabalho geral do observador na
condução do tiro de artilharia, por militar de qualquer Arma/Quadro/Sv,
permitindo ao precursor, infiltrado, orientar os fogos da artilharia orgânica
da Unidade (ou GU) apoiada.
• Infiltração aquática por
superfície - onde o aluno aprende técnicas de natação operacional em níveis
crescentes de dificuldade, utilização de botes e embarcações, culminando com
uma operação em mar aberto para empregar os conhecimentos adquiridos.
São desenvolvidos estágios em
diversos ambientes operacionais, tais como:
• Operações em ambiente de
caatinga - conduzido pelo 72º BI Mtz, adapta o futuro precursor a outro tipo de
região operacional do nosso território. Ao término desse estágio, é realizada
uma missão de patrulha de combate com infiltração aérea.
• Operações em ambiente de selva
- conduzido pelo CIGS, esse estágio de operações na selva adapta o futuro
precursor a atuar na Amazônia Brasileira, culminado com uma missão de
reconhecimento por infiltração e exfiltração aérea, nesse importante ambiente
operacional.
• Operações em ambiente de
montanha - conduzido pelo 11º B I Mth, visa o aprendizado de técnicas de
escalada operacional, concluindo com uma missão em região montanhosa, com o
apoio de especialistas nesse ambiente.
Uma operação de missões
continuadas, envolvendo todos os ensinamentos ministrados, caracteriza o
encerramento da 1ª fase do C Prec Pqdt.
2ª Fase - Mestre de Salto:
Nesta fase de 4 (quatro) semanas,
os alunos recebem instruções relativas à habilitação do Mestre de Salto. No
caso dos alunos já possuidores dessa habilitação, seus conhecimentos são
reciclados numa readaptação técnica e, ainda, auxiliam na formação dos demais
alunos.
Algumas instruções noturnas de
Meteorologia e exploração dos meios de comunicações, da 3ª Fase, são
ministradas.
3ª Fase - Lançamento Precursor:
A 3ª Fase do C Prec Pqdt tem a
duração de 5(cinco) semanas e visa habilitar os alunos ao lançamento de pessoal
equipado com pára-quedas semi-automático, sem ponto materializado no solo.
O Lançamento Precursor é uma
forma de infiltração inerente a especialização do precursor, que permite a uma
equipe precursora (Eq Prec) lançar-se sem ponto materializado no solo. Após
intensas horas de treinamento no falso avião, o aluno é submetido a uma série
de lançamentos realizados em duas viagens de lançamento precursor pelo
Território Nacional. Autoconfiança, calma, raciocínio rápido e flexível e um
elevado senso de orientação a bordo de uma aeronave em vôo são fatores
fundamentais para o êxito nesta disciplina, considerada a mais técnica de todo
o curso.
Ainda nessa fase, tem
continuidade as instruções de Meteorologia, de suma importância para o
precursor, tendo em vista que as condições meteorológicas influenciam
diretamente em uma operação aeroterrestre ou aeromóvel, onde, visando uma
melhor aprendizagem, são ministradas instruções teóricas e práticas pelos
Centros Meteorológicos Militares das Bases Aéreas dos Afonsos e do Galeão.
Na disciplina Comunicações é dado
ênfase ao emprego e exploração correta e segura das comunicações,
imprescindíveis na infiltração de uma Eq Prec e no sigilo de uma operação
aeroterrestre.
A continuação do Treinamento
Físico Militar é feita com natação, ginástica básica, PTC e corridas de média e
longa distância, com duas provas de 8 (oito) e 10 (dez) Km com busto nu.
Uma vez aprovados nas disciplinas
da 3ª fase, notadamente em Lançamento Precursor, o aluno inicia a 4ª e última
fase do curso.
4ª Fase - Operações de
Precursores:
Na 4ª fase,com duração de 8(oito)
semanas, conhecida como Operações de Precursores , os alunos aprendem sobre as
possibilidades de emprego da Bda Inf Pqdt em proveito do Exército de Campanha
ou Escalão Superior e conclui quanto às peculiaridades do emprego do precursor
pára-quedista em manobras táticas ou estratégicas.
Na disciplina Organização e
Emprego do Precursor são expostos conhecimentos sobre operações aeroterrestres
e aeromóveis, com a atuação de uma Eq Prec para cumprir essas operações. Nessa
disciplina, são realizadas instruções e palestras por oficiais do QEMA
(precursores pára-quedistas), culminando em uma visita à Cia Prec Pqdt,
orgânica da Bda Inf Pqdt.
No Grupo de Inteligência da 1ª
Divisão de Exército é realizado o Estágio de Inteligência Militar,
proporcionando ao aluno o conhecimento da estrutura, técnicas operacionais e
formas de atuação da inteligência do exército, vitais na guerra moderna.
Na tradicional "Semana do
Mar", iniciada com um salto semi-automático em ZL aquática, são
ministradas instruções com vistas à realização do estágio básico de mergulho
autônomo, iniciado previamente com instruções teóricas e práticas em sala e em
piscina, contando ainda com a colaboração da Seção de Operações Especiais do
CIAMA. Ao final dessa semana os alunos estão capacitados a realizarem uma
infiltração aquática, para atuação em proveito de uma U ou GU.
Técnicas de Infiltração e
Exfiltração são alvos de novo estudo, desta vez enquadradas na infiltração de
uma equipe de precursores visando as operações peculiares ao Prec Pqdt.
Operação de Zona de Lançamento, a
mais tradicional das atividades dos precursores, com o lançamento da tropa
pára-quedista por ocasião do assalto aeroterrestre e sua eficiente
reorganização, no mais curto espaço de tempo possível.
Operação de Zona de Pouso de
Aviões, onde é estabelecido o controle e a coordenação do tráfego aéreo nas
imediações de uma zona de pouso com conseqüentes pousos e decolagens para
embarque e desembarque de tropas e suprimentos numa operação aeroterrestre.
Operação de Zona de Pouso de
Helicópteros, onde esta é operada em prol das vagas de assalto aeromóvel da Bda
Inf Pqdt. A instrução é complementada com um Estágio de Operações Aeromóveis no
Centro de Instrução de Aviação do Exército (CIAvEx), com instruções teóricas e
práticas de técnicas especiais de infiltração aeromóvel, identificação e teste
de combustíveis, carga externa, dentre outras.
As instruções sobre Fuga e Evasão
e Prisioneiro de Guerra são ministradas pelo Centro de Instrução de Operações
Especiais (CIOpEsp).
A consolidação deste leque de
conhecimentos é realizada em diversas operações pelo Brasil, onde o aluno, já
precursor lançador, é avaliado estando enquadrado nas funções de uma Equipe
Prec, numa série de missões subseqüentes em cada operação. O planejamento
detalhado, aliado a endurance na ação e a um elevado espírito de cumprimento de
missão são atributos fundamentais para o êxito das missões.
Uma grande operação final marca o
encerramento do curso, onde o futuro precursor aplica todos os conhecimentos
adquiridos até então, em meio a um elevado grau de realismo proporcionado pelas
missões de precursores.
Aqueles alunos que, durante as 24
semanas de instrução, deixaram, por vezes, a família em segundo plano,
abdicaram horas de lazer, dedicaram-se integralmente à todas as atividades
propostas, superaram a si mesmos frente às suas dificuldades físicas e
intelectuais, são recompensados com os símbolos daqueles que precedem, guiam e
lideram: o gorro vermelho e a tocha alada de precursor pára-quedista.
Nestes 53 anos de atividades
(1951-2004), o Curso de Precursor Pára-quedista formou 370 precursores, dentre
militares do Exército, da Marinha, da Força Aérea e de Nações Amigas. Em meio
século, milhares de pára-quedistas foram lançados em segurança, nos mais
diversos rincões do nosso Brasil, nas mais diversas operações que a Brigada de
Infantaria Pára-quedista, com toda sua imponência, participou. Certa feita, um
renomado comandante de unidade pára-quedista disse: "Se você quiser
conhecer a história das operações aeroterrestres, conheça antes a história dos
precursores pára-quedistas".
"É dever último do precursor
estender-se em cruz ao chão, sendo o ponto sobre o qual, se lançará, em
segurança, a formação."
Precede, Guia e Lidera!!!